13.2.12

Não vás já, avô.

As lágrimas escorrem-me pelo rosto sem parar, não oiço nada, não presto atenção a nada. Dizem que os maiores amores estão dentro de casa, são os do nosso sangue, a eterna família. Tu não estás dentro da minha dita casa, mas estás dentro de uma casa ainda maior, com dimensões extremas, estás dentro do meu coração. Na verdade, és um dos grandes homens da minha vida. Sei que estas palavras não chegarão até ti, nem te as vou poder dizer pessoalmente, mas como sei que todos os dias eu estou presente em ti, pode ser que este calorzinho te chegue ao peito e te faça sentir melhor. É cedo para partires, não te parece?! Eu cá tenho a certeza que é. É cedo para partires sem concretizares um dos teus sonhos, aquele que te oiço falar desde nova. Tu és um lutador, foste-o toda a vida, conheces bem as enfermeiras, as máquinas a que estas ligado, a "cama" em que estas deitado. Conheces bem o cheiro de um hospital, as agulhas, os barulhos, a hora da visita... É só mais uma luta. Eu dava tudo para te pegar na mão e dizer que vai tudo correr bem mas infelizmente não posso. Já pensei muito, tenho pensado na última vez que estive contigo, tenho pensado nos abraços quentes, nos beijos molhados. Enfim, tenho pensado no grande homem da minha vida. Agradeço-te o facto de teres tomado bem conta de mim, de me teres feito as vontades, de teres desempenhado tão bem esse papel de avô babado. Espero que seja só mais um susto e que em breve voltes para casa. Faz isso por mim e pela mãe. Eu sei que neste momento estás demasiado fraco e precisavas de muitas mais forças para superares isto. Eu sei. Se eu pudesse dava-te as minhas, que embora um pouco fracas e esgotadas são superiores às tuas. Se eu pudesse não permitiria que passasses mais um único dia aí, sozinho. Se eu pudesse dizia-te tudo o que ainda não disse. Sou estúpida, por nunca te ter dito o que merecias ouvir. Sou estúpida por não me esforçar o suficiente sabendo que tenho sido motivo de preocupação para toda a família. Desculpa-me isso. Se eu pudesse mudava muita coisa. Se eu pudesse metia a mão no teu peito e dir-te-ia ao ouvido bem baixinho que te amo e que és o meu orgulho. Se eu pudesse...

3 comentários:

  1. força! :3
    ps: adoro o teu blog (:

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    1. =S passei por uma situação semelhante à pouco tempo, é frustrante querermos fazer alguma coisa para ajudar uma pessoa que amamos e sentir-mo-nos impotentes para o fazer, o meu avô infelizmente acabou por falecer, não teve forças e partiu sem me avisar, mas sei que estará a olhar por mim agora :)
      Adoro o teu blog ;)

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